Igreja Nossa Sra. da Nazaré

 

Trata-se da construção mais antiga do Concelho e uma rara e importante obra de transição do Gótico para o Manuelino. Por isso e pela grande valia das suas Capelas, imagens e alfaias de culto, bem merece a atenção de todos.

Landeira, terra de montado, ribeiras e ponto de passagem obrigatório na estrada dos espanhóis, foi nos séculos XV e XVI propriedade de Fidalgos, mas a sua existência é referida desde o século XII.

Por ser lugar antigo já pertenceu às mais diferentes regiões, nomeadamente à Comarca de Setúbal, ao Concelho de Arraiolos, Montemor-o-Novo, Alcácer do Sal e de Vendas Novas, onde pertence desde 1962.

As terras conservam elementos mouriscos, o que confirma a possível ocupação árabe, durante a qual a toponímia seria Laven, dando a origem a Landeira.

Em 1520 já existe registo da existência da Igreja, uma capelaria da ordem de Santiago, onde o pároco local tinha de rendimento anual cento e oitenta alqueires de trigo, cento e vinte de cevada e dez mil réis em dinheiro.

Mais tarde, Nossa Senhora da Nazaré passou a ser a Padroeira da Freguesia e a Igreja existente ao seu culto se dedica.

A velha e modesta Igreja, quase se confunde com as típicas casas Alentejanas baixas que a envolvem, não fosse o largo onde se situa, a Torre Sineira e o recente Cruzeiro que marca o lugar, quase não dávamos por ela.

No entanto trata-se da construção mais antiga do Concelho e o seu valor arquitectónico é inigualável.

Depois do terramoto de 1755 e do abandono a que foi exposta a igreja sofreu alguma descaracterização, tendo valido as obras de recuperação levadas a cabo em 1980 por uma Comissão constituída por gente da aldeia que, para além de reparos no interior, construíram mais duas salas que funcionam como Capela Mortuária e Sala de catequese e em 1988 restauraram o Cruzeiro e cimentaram o quintal.

No quintal ainda hoje está exposta a Pia Gótica Octogonal retirada de dentro da igreja durante as obras de recuperação e que ali foi ficando com receio que no transporte se acabasse por danificar devido ao estado de degradação em que se encontra.

No interior as vigas de madeira no tecto, os mosaicos do chão e a recuperação completa do altar, entre outras melhorias, são fruto da recuperação a que foi sujeita.

Originais da velha igreja são as paredes forradas com azulejos de maçaroca do século XVII, o Arco Triunfal de volta inteira que separa a nave da Capela-Mór, as Abóbadas cilíndricas que se intersectam e se apoiam nos quatro cantos da Capela-Mór, importante e rara estrutura que se situa na transição do estilo Gótico para o Manuelino (séc. XV).

O retábulo em madeira do séc. XVIII, embora a sua pintura seja recente, o Crucifixo de marfim indo-português (séc. XVIII), a imagem de Nossa Senhora da Nazaré em madeira estofada do séc. XVII, a imagem de um outro Santo que supostamente será S. Bento (séc. XV), a lanterna de latão do estilo barroco, a Pia de água Benta de pedra Manuelina entre outras alfaias de culto e traços arquitectónicos não deixam dúvidas quanto às suas origens.

Do lado esquerdo da nave situa-se a Capela Manuelina, uma pequena dependência que, segundo os dados que dispomos, fazia conjunto com outra Capela lateral mas que hoje já não existe.

Para esta Capela entra-se por um amplo arco de pedra, de volta inteira incompleta, com molduras e rosetas espaçadas, descoberto durante as obras de restauro que pertence ao estilo Manuelino. A Abóbada da Capela é de tijolo com dois arcos que assentam em mísulas e nela estão expostas figuras de S. Sebastião, S. António e Nossa Senhora de Fátima.

Mais que interessante, talvez até algo mórbido, é a caveira que está colocada num pequeno nixo junto ao Altar-Mór e que ninguém sabe há quanto tempo existe.

Durante a colocação dos esgotos em redor da igreja foram encontradas diversas ossadas anteriores a 1897, altura a partir da qual existe cemitério da Aldeia.

Nessa altura já existia a referida caveira na igreja e por isso não se sabe se quer como foi ali parar.

Lugar de culto e de mistérios, a Capela de Nossa Senhora da Nazaré de Landeira continua a acolher a missa semanal, casamentos, baptizados, comunhões, entre outras práticas religiosas importantes que só no dia 28 de Abril de 1963 ali se realizaram 32 casamentos e 45 baptizados de dezenas de pessoas ali residentes… não sendo concerteza um recorde do Guiness, é sem dúvida um bom motivo para não deixarmos desaparecer as nossas riquezas culturais.

O Orago da acolhedora Freguesia de Landeira é Nossa Senhora da Nazaré, cuja celebração se realiza no mês de Maio.

A Nossa Senhora da Nazaré estão associados muitos milagres, sendo o mais célebre o de D. Fuas Roupinho.

Diz a tradição que, a 8 de Setembro de 1182, num dia de nevoeiro, o cavaleiro se encontrava a caçar perto da Basílica de Nossa Senhora da Nazaré, tendo sido atraído por um veado em direcção ao abismo do Promontório.

No momento em que D. Fuas se apercebeu que estava prestes a lançar-se no precipício, evocou a Virgem e, milagrosamente, o cavalo estancou a sua marcha e o cavaleiro salvou-se.

Desde então, o culto a Nossa Senhora da Nazaré não parou de atrair fiéis.

Um pouco de história

A Landeira é considerada a aldeia mais velha do Concelho de Vendas Novas, remontando as primeiras referências ao século XVII, onde surge como pousada ou passo de jornada na estrada muçulmana Lisboa-Évora.

Nos séculos XIV e XV, a Landeira constitui já um cruzamento de caminhos, uma encruzilhada na Estrada Real, que muitas vezes é considerada como a Estrada dos Espanhóis.

Por aqui passava também a Estrada Real que vinha do Norte do Tejo, atravessava o rio próximo de Vila Franca passando depois por Landeira, Alcácer, Odivelas e Beja.

Por este motivo, a esta povoação afluíam camponeses, mercadores, cristãos, judeus e mouros, reis e bandidos, nobres, clérigo e viajantes.

Relativamente ao património construído pouco resta, pois o núcleo primitivo da aldeia é quase inexistente.

As antigas estalagens, o casario velho, tudo desapareceu, ficando apenas a Igreja de Nossa Senhora da Nazaré com 500 anos e a Fonte Velha entaipada com cerca de 100 anos e algumas casas.

Podemos enquadrar esta Freguesia na região do Litoral, asserção, aliás, comprovada por vários tópicos da sua caracterização.

Assim, Landeira tem vindo a aumentar a sua dimensão demográfica, que passou de 630 habitantes em 1991 para perto de 800 habitantes no ano de 2001.

Freguesia bastante dinâmica onde cerca de 58,9% da população foi dada como activa não perdeu ainda a marca da ruralidade, modo de vida para perto de 15% dos activos, sendo predominantes na agricultura, nas produções de arroz e tomate, esta última tendo funcionado como castigo para o aparecimento da Indústria de Transformação de Tomate.

Esta é acompanhada por outras unidades ligadas aos lacticínios, construção civil e panificação, fazendo o sector secundário, cada vez mais um suporte de desenvolvimento na Freguesia.

O sector terciário tem igualmente acompanhado o crescimento demográfico e económico de Landeira, podendo referenciar-se a existência de vários e diversificados estabelecimentos comerciais

Curiosidades

 

Landeira, Freguesia pertencente ao Concelho de Vendas Novas, situa-se a Oeste do Alentejo Central, numa transição entre a Região do Alentejo e do Vale do Tejo.

Detentora de uma área que ronda os 69,64 quilómetros quadrados, a Freguesia de Landeira é composta pelos lugares de Nicolaus, Bicas, Moinhola, Quinta de Sousa, Monte do Vale, Estalagem, Monte da Azeda, Monte do Outeiro e Moinho da Moita.

Landeira é considerada a Aldeia mais velha do Concelho de Vendas Novas, datando as primeiras referências à mesma, do século XII, altura em que o geógrafo árabe, Edrici a aponta como pousada ou passo de jornada na estrada Muçulmana de Lisboa – Évora.

Segundo os documentos, no século XIV, Landeira foi palco das honras feitas ao casamento entre o Rei Henrique IV de Castela e a Infanta Portuguesa D. Joana: «Além das festas que em Lisboa se fizeram mui grandes, outras honradas justas na Landeira».

Esta Aldeia surgiu ainda referida das Crónicas de D. João II, da autoria de Rui de Pina e Garcia de Resende, que relatam a passagem do Rei Perfeito por terras de Landeira, de modo a fugir ao Duque de Viseu, que o queria matar.

No Auto da Exoração da Guerra, no Auto da História de Deus e no Auto da Festa, Gil Vicente faz também referência a Landeira, considerando-a como a noitada menos tragável no jornadear de Lisboa a Montemor e Évora.

Conhecida pela Estrada dos Espanhóis, Landeira rapidamente cresceu, pois, uma vez que era um cruzamento de caminhos, aqui afluíam Camponeses, Mercadores, Cristãos. Judeus e Mouros, Reis e Bandidos, Nobres Clérigos e Viajantes.

 Administrativamente, pertenceu ao Concelho de Alcácer do Sal de 1895 e 1898, ano em que passou a estar integrado no Concelho de Montemor-o-Novo.

Em 1962 passou para o Concelho de Vendas Novas, ao qual pertence desde então.

Em termos eclesiásticos, foi uma Capelania e um Curato da Ordem de Santiago, com apresentação pela Mesa da Consciência.

Segundo a publicação no Diário da República, III Série de 12 de Julho de 1996, o Brasão da Freguesia de Landeira apresenta a seguinte ordenação heráldica: «Escudo de Prata, faixa – pala em ponta, de vermelho, acompanhada em chefe por duas Landes, com pés e folhas, tudo de verde. Coroa mural de prata de três torres. Listel branco com a legenda a negro, em maiúsculas: “LANDEIRA”»